Com a finalidade de conhecer as demandas das comunidades e defender um serviço de qualidade no setor de energia elétrica, o Conselho de Consumidores da CEEE Equatorial ouviu, nesta última quinta-feira, 28 de setembro, setores da comunidade de Rio Grande e de cidades da região. A reunião aconteceu no auditório da Câmara de Comércio, quando o presidente do órgão, Thomaz Nunnenkamp, falou da iniciativa de interiorizar esses encontros e explicou que as questões levantadas serão levadas até a direção da empresa. “Entendemos a insatisfação de vocês e somos um canal para ajudar na solução. A CEEE Equatorial está ciente dos problemas, tanto que trocou o presidente da empresa”, explicou. Adiantou, ainda, que a empresa irá investir R$ 650 milhões para resolver os problemas, sendo 40% desse valor na expansão e melhoria do sistema de distribuição. A Equatorial também enfrenta um déficit de 300 funcionários eletricistas e está providenciando junto ao Senai RS a realização de cursos nesse sentido.
O presidente do Conselho de Consumidores da CEEE Equatorial comunicou aos representantes de associações de moradores presentes que a empresa cadastrou mais de 120 mil unidades consumidoras com tarifa social. “Toda pessoa que estiver cadastrada no NIS já entra automaticamente na tarifa social”.
Thomaz Nunnenkamp está no Conselho de Consumidores da CEEE Equatorial, determinado pela Aneel, que é a agência reguladora do setor, como representante do setor industrial (Fiergs). Outro representante dessa área no Conselho é o presidente do Sinduscon Rio Grande, Airton Viñas, que foi o anfitrião do encontro desta quinta-feira. Ele destacou a importância da reunião e também da interiorização e sugeriu que a próxima aconteça em Pelotas, bem como sejam convidados a participarem os presidentes das Colônias de Pescadores para saber a situação deles com relação aos serviços da empresa de energia elétrica.
No final, Thomaz Nunnenkamp, disse que “foi importante ouvir as classes de consumidores e ver seus problemas. Existem problemas estruturais, principalmente de gestão e compromete o atendimento. Vejo que aqui, esses problemas com relação à CEEE Equatorial já existiam e se potencializaram com os eventos climáticos. Vamos encaminhar as reclamações e solicitações à presidência e gerências operacionais da empresa”.
Como entrar em contato com a CEEE Equatorial
Os integrantes do Conselho de Consumidores ressaltaram que é importante os consumidores entrarem em contato com a CEEE Equatorial em casos de necessidade. Falaram que esse contato deve ser feito primeiro através do 0800 7212333. Também pelo endereço: https://ceeeequatorialenergia.com.br/ ou nas agências locais. Reclamações também podem ser encaminhadas para o email: conselhodeconsumidores.ceee@equatorialenergia.com.br.
Procon à disposição dos consumidores
O coordenador do Procon, Douglas César Jr. disse aos presentes que aquele órgão tem poder de polícia e as autuações podem chegar a R$ 9 milhões. “O Ministério Público para embasar uma ação administrativa primeira consulta o Procon mas, lamentavelmente, uma parte da população desconhece o poder do Procon e acha que ele não gera resultados para a comunidade. Cerca de 87% das reclamações que nos chegam são resolvidas e muitas questões envolvendo a Equatorial conseguimos resolver. Hoje temos 161 reclamações no Procon e quando acontece uma questão coletiva podem enviar uma reclamação de ofício. É muito mais rápido e temos a resposta dos processos em 10, 20 dias. A partir daí são tomadas providências e, ao final, a empresa pode ser autuada. Quando dói no bolso as coisas se resolvem, mas temos resolvido através da mediação.
O coordenador informou que o Procon funciona na antiga Estação Rodoviária, de segunda a sexta-feira, das 12h30min às 17h30min. Para quem acha difícil a locomoção, pode ser feita denúncia on line e aquele órgão também dispõe de uma unidade móvel para fazer o atendimento domiciliar.
Muitas demandas
“Fiquei 17 dias sem luz e a CEEE Equatorial só me devolveu 41 horas”, protestou o produtor rural Eduardo Peixoto, que apresentou uma série de reclamações de associados do Sindicato Rural. Peixoto disse que possui mais de 200 protocolos e que “de 2018 para cá fico sem luz de três em três dias”. Ele acha que a empresa deveria descentralizar as operações e lembrou que a CEEE já teve uma base na Vila da Quinta. Ele também reclamou que “não posso falar com a Clara o tempo inteiro”, referindo-se à gravação com voz feminina que atende por esse nome. “Colocam mensagem eletrônica e o retorno é praticamente zero”. Falou, ainda, que em seu entendimento a CEEE Equatorial tem um problema de logística, pois uma equipe pode estar atendendo no Cassino, por exemplo, e de repente ter de se deslocar para o Taim. Por último, falou na importância da empresa ter um gerente na cidade. “No passado havia e ele nos recebia”.
Eduardo Peixoto diz que representa 1.600 produtores de leite no município: “Os produtores estão desesperados. Além dos problemas de comercialização, precisamos de energia elétrica para ordenhar a vaca, conservar o leite. Tem produtor há 15 dias sem luz e isso é inadmissível. E tem queima de aparelhos, de bombas e todos os produtores estão se queixando”.
Moradores da Barra falaram que aquele bairro cresceu e a geração de energia não acompanha esse crescimento. Lá existem duas fabricas de gelo, padarias, supermercados, mas com qualquer vento a população fica sem energia. Também foi falado que a área da Barra não é regularizada, 70% tem energia elétrica e 30% não. Existem mais de dez ruas sem luz e os moradores acabam fazendo os chamados “gatos”. E existem cerca de 90 casas em que os moradores há oito anos não tomam banho de chuveiro elétrico. “Se um tomar, pode desmanchar tudo”, explicou um dos moradores.
Os cortes frequentes de energia também são reclamados por moradores do Central Park, situado ente o Parque Marinha e Jardim do Sol. Também foi falado que, provavelmente devido ao desmantelamento da CEEE, os dados não foram atualizados e os que estão no sistema não condizem com a situação real. Outro problema é que, às vezes, “os protocolos da CEEE são finalizados sem ter resolvido o problema”.
Foram feitas, ainda, reclamações referentes às dificuldades para se conseguir o ressarcimento de danos ou mesmo para entrar em contato pelo 0800. Alguns falaram que há necessidade de funcionários mais qualificados.
O vereador Eraldo Machado, do município de Pedras Altas, falou que em sua cidade “a situação é caótica. Ficamos quase 20 dias sem luz, muitas vezes em meia fase. Às vezes o temporal nem chegou e já estamos no escuro”.
Um ruralista do Capão do Leão lamentou que “a CEEE Equatorial investe no poste e não investe na pessoa que está subindo no poste. De uma maneira geral o pessoal é despreparado e qualificação profissional é fundamental, até para a segurança de todos”.
Rio Grande, 29 de setembro de 2023.
Ique de La Rocha
Jornalista