Na tarde da última sexta-feira, 10, o Cassino foi palco do Encontro Estadual da Construção Civil, que aconteceu juntamente com a reunião do Cotecon (Comitê da Construção Civil) da Fiergs. O evento ocorreu no Lira Apart Hotel, teve a promoção do Sinduscon Rio Grande e o patrocínio do Senai RS.

Estiveram presentes representantes dos Sinduscon’s , da Fiergs e de entidades técnicas como a seccional local do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), da Sociedade de Engenharia e Agronomia do Rio Grande (Searg) e foi mais uma oportunidade do setor debater sua realidade e perspectivas. O encontro também foi transmitido ao vivo, através da página do Sinduscon no Facebook .

Abertura

O Executivo do Cotecon, Fábio Muller Vieira, fez a abertura do evento. Em nome do presidente da Fiergs, Gilberto Petry, ele saudou os presentes e falou na satisfação de realizar mais um encontro desses no município do Rio Grande. Destacou o trabalho que vem sendo feito por Airton Viñas no Sinduscon Rio Grande, também no Comitê da Construção Civil da Fiergs e agradeceu o patrocínio do Senai RS, através do gerente Rafael Garcez, “que sempre contribui  com as pautas da construção no estado”.

Airton Viñas também usou da palavra. Lembrou que o último encontro estadual aconteceu no Cassino, em 2019, “e era um outro cenário. A Covid foi preocupante. Quando o Governo do Estado implantou a bandeira preta a construção civil parou por 15 dias e ficamos preocupados com a saúde financeira das empresas. Nosso Sinduscon implantou um projeto pioneiro, onde foi criado uma estrutura de técnicos voltados para a prevenção e combate do coronavírus nos canteiros de obras. Graças a isso nenhum dos canteiros fechou e não tivemos mortes no setor. O projeto foi concluído em dezembro do ano passado e só houve o registro de uma empresa do Paraná, cujo pessoal já veio contaminado, mas os problemas foram rapidamente contornados”.

A primeira palestra  

O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande foi o primeiro palestrante do encontro. Ele falou sobre “Planos diretores para os municípios”, quando destacou que o Sinduscon foi convidado pelo prefeito do Rio Grande para tratar da elaboração da revisão do Plano Diretor do município, nas questões referentes ao regime urbanístico e parcelamento do solo.

Airton Viñas aproveitou para informar que o PIB do município está entre os maiores do Rio Grande do Sul, figurando entre a quinta e a sexta colocação. Já a construção civil gerou R$ 112 milhões de arrecadação em ISS, o que representa entre 12 e 13% do arrecadado pela Prefeitura. Por isso, “nosso setor merece um olhar diferente, além da empregabilidade que proporciona”. Manifestou, ainda, otimismo com a implantação de uma usina termelétrica no município, “que irá gerar R$ 600 milhões em impostos. Nosso Sinduscon está acompanhando o projeto passo a passo”.

Cenário positivo para a indústria gaúcha em 2022

O economista-chefe da Fiergs, André Nunes, falou sobre “O Cenário Econômico e Perspectivas para 2022”. Ele abordou o cenário internacional e a atividade econômica no país e, mais particularmente, no Rio Grande do Sul.

Segundo o economista, o cenário internacional é fundamental, porque determina as condições para o próximo ano, que tem a ver com os juros e a inflação. A economia mundial esteve em queda, especialmente por causa da Covid, mas está havendo uma recuperação e a expectativa para 2022 é de 4,5% de crescimento. “O pior já passou e agora vamos entrar num processo de crescimento mais próximo da normalidade”.

Na Europa foi registrada a maior inflação acumulada desde o início do Euro. Nos Estados Unidos foi a maior dos últimos tempos, com índice de 6,20% . “O mundo todo está registrando inflação alta neste momento”, salientou Nunes, que já vê sinais de melhora: “Um dos indicadores, os salários nos Estados Unidos, já começam a crescer e naquele país está havendo dificuldade de contratação de mão de obra qualificada”.

Para o técnico da Fiergs, “o que vai impactar nossa atividade é o comportamento dos bancos centrais a partir de agora. Estão aumentando as taxas de juros e o Banco Central do Brasil já colocou a taxa Selic em 9,25% e vai chegar a 11,75% em 2022. A pergunta que se faz é: quando o Banco Central americano vai começar a se mexer, porque ele mexe com o mercado internacional?”

O palestrante falou, ainda, sobre a crise energética e a mudança no perfil de produção energética voltada para a energia limpa, bem como o aumento de preços e commodities no mercado internacional. E prosseguiu:

– Temos os preços subindo de fertilizantes, metais e dos grãos. Tudo isso alimenta a inflação. Entrou todo o mundo em recessão ao mesmo tempo e todos saem dela ao mesmo tempo. Vai demorar um tempo até a normalização. Muitas vezes o empresário acha que o seu setor está mal, mas se vê essa situação no mundo inteiro. Pega o jornal daqui, de Porto Alegre, o Jornal Nacional, qualquer jornal do mundo e os assuntos são os mesmos: inflação e aumento dos preços de energia. Nos portos ainda temos fretes elevados, contêineres em falta, congestionamento de navios em portos chineses e americanos”.

André Nunes falou que “o desajuste nas cadeias de suprimentos é um problema local e disseminado entre os setores. O prazo de entrega dos fornecedores nunca foi tão demorado. A cadeia produtiva de semicondutores é uma das mais distantes da normalização”. De qualquer forma, para ele “apesar do mercado estar pessimista, acho que em 2022 a situação estará um pouco melhor. Os industriais gaúchos, em sua maioria, acham que a normalização dos insumos acontece até o final de abril e uma parcela menor acredita que só em 2023”.

“O remédio para a inflação é o ajuste da política monetária”, declarou o palestrante, que considera hoje a margem de lucro para os empresários “cada vez mais insatisfatória”. De outro lado, ele vê uma recuperação intensa puxada pela indústria agropecuária. “No estado a produção da safra de soja cresceu 80,6% em relação a 2020”. Já a indústria gaúcha enfrenta o mesmo que o resto do setor no país: cinco anos consecutivos de retração.

O mercado de trabalho apresenta recuperação, “mas a ocupação e a renda ainda seguem distantes do período pré-pandemia”. Com relação ao crescimento do país e do RS ele não consegue ver recessão “e sim um processo de normalização, principalmente das cadeias produtivas”.

Para 2022 a economia brasileira deverá crescer 1% e a gaúcha 1,6%. E, segundo o economista, as perspectivas para a indústria gaúcha são positivas:  

– 36% dos industriais gaúchos esperam aumento de demanda nos próximos seis meses;

– 26,7% dos industriais que exportam pretendem continuar exportando;

– 23,7% dos industriais pretendem aumentar o número de empregos;

– 32,6% projetam aumentar as compras;

– 65,2% dos industriais tem intenção de investir.

“Então o cenário da indústria ainda é positivo pra 2022”, concluiu o economista da Fiergs.

Aprendizagem industrial

O gerente do Senai no Rio Grande do Sul, Rafael Garcez, falou sobre Aprendizagem Industrial, que proporciona atividades de formação cidadã, comportamental e técnicas para inserção no mercado de trabalho, totalmente gratuitas para as empresas. “Trata-se de uma iniciativa muito importante que prepara o aluno com qualificação básica e técnica para atuar no mercado de trabalho”.

O gerente do Senai RS diz que existem muitas vagas na instituição, uma vez que a demanda tem sido abaixo do previsto. Salientou que são aceitos jovens de 14 a 24 anos, matriculados a partir do 9º ano em escola fundamental, mas eles só poderão participar se portarem carta de apresentação das empresas.

O Senai possui o programa Jovem Aprendiz e, também, turmas para jovens com necessidades especiais. “As empresas são obrigadas por lei a contratarem aprendiz e para a construção civil este curso é gratuito no Senai. Temos condições de realizar cursos na área da construção civil em todo o estado e o empresário precisa olhar essa oportunidade como investimento. Se reclama muito da falta de mão de obra qualificada, mas também não há indicação de alunos para o aprendizado. Procurem o Senai da sua região para realizar esse serviço, oferecido de forma gratuita, que é um investimento na formação de mão de obra futura”.

Garcez esclareceu que a empresa tem direito ao curso de forma gratuita, mas para estar inserida no programa Menor Aprendiz terá de pagar meio salário mínimo ao jovem aprendiz. 

No final o gerente do Senai RS apresentou os valores investidos pela institui em benefício das entidades da construção civil, como o patrocínio ao Sinduscon Rio Grande para realização do encontro do Cotecon 2021.

Os projetos da Unisind para fortalecer os sindicatos

Boris Executivo , da Unisind, falou sobre “Projetos da Unidade de Desenvolvimento Sindical Unisind da Fiergs”, criada neste ano pela entidade empresarial com a missão de fortalecer as entidades sindicais. Ela proporciona apoio jurídico aos processos administrativos dos sindicatos, como negociações coletivas, elaboração e registro nos CCTs, processos de dissídios, resposta a consultas, elaboração de estudos e pareceres jurídicos, monitoramento e repasse de informações sobre novas legislações, normativas e alterações legais, processos de registro sindical com atuação junto ao Ministério do Trabalho, dentre outros. Uma de suas iniciativas foi o lançamento do Sindisoft, um software de gestão sindical com treinamento dos representantes de sindicatos. A Unisind possui uma sala de videoconferência e está buscando parcerias para implantar um clube de vantagens.  

“Quem ainda não está por dentro das NRs tem pouquíssimo tempo”.

O engenheiro Sérgio Ussan, especializado em Engenharia e Segurança do Trabalho e conselheiro do Cotecon, abordou a “Atualização do novo foco em segurança e saúde no trabalho”.  Ou seja, falou sobre as Normas Regulamentadoras (NR) para a saúde, meio ambiente e segurança do trabalho.

Conforme ele, “há três anos o Governo Federal atendeu solicitação da área empresarial, fiscalização do Ministério do Trabalho e dos trabalhadores com relação às normas regulamentadoras (NR), que deixavam a desejar. Foi formada uma comissão tri-partite, que iniciou bem, veio a pandemia e atrasou os trabalhos. Os empresários e o público em geral não deram muita atenção. Fiz palestras durante anos e avisei que deveríamos estar atentos, porque houve mudanças. A partir de 3 de janeiro essas NRs estarão em vigor  e elas sempre disseram o que fazer e como fazer. O texto delas determina a responsabilidade dos empregados e empregadores em termos de segurança, saúde e meio ambiente do trabalho”.

As observações de Sérgio Ussan:

“Hoje, para qualquer trabalhador iniciar suas atividades tem de se exigir a apresentação da documentação. A empresa tem de ter toda a documentação ligada ao trabalho: carteira profissional, ficha de EPI, atestado médico, treinamento e toda empresa tem que saber que não trabalhar com gente totalmente legalizada vai criar um problema. Entregar qualquer atividade para trabalhadores não tendo treinamento para aquela atividade é a mesma coisa que entregar o carro da empresa para alguém que não tenha carteira de motorista. O mesmo vai acontecer com o trabalhador não qualificado que sofrer um acidente”.

“Toda a máquina para ser aceita no canteiro de obras precisará ter documentação que garanta a perfeita segurança para o trabalhador. O empreiteiro, como conhecemos até pouco tempo, terminou. Houve durante um tempo briga sobre terceirização e não existe obra sem terceirização. O Governo disse: vamos liberar a terceirização, a quarteirização e assim por diante. Pois agora, a contratação e condições de segurança, de saúde e meio ambiente são do empregador, não mais do terceirizado. E mais: toda autuação que for dada à terceirizada de uma obra, igual valor será dado ao contratante maior. E, além de ser multada, a empresa será responsável pela segurança, meio ambiente e saúde oferecida ao trabalhador”.

“A NR 1 hoje é da máxima importância. Ela atinge a todos da construção civil. Ali tem conceitos novos que vão influir muito nas atividades das empresas. A principal: foi criada a gestão de riscos ocupacionais. A empresa tem de ter seu sistema de gestão empresarial, um sistema de gestão de riscos operacionais. PCMAT e outros terminaram. Tudo vai ser colocado dentro do PGR. Não vai ser mais algo estático. Hoje o PGR mais o GLO vai ser individual, de cada empresa, que terá de criar a cada obra. Isto vai ser mudado a todo momento. A obra em seu estágio de fundação possui um estágio de gestão. Na conclusão é outro estágio de gestão”.

“Foi criado um inventário de riscos. O responsável dos empregados e dos empreendedores, que vai ter na sua obra, determinarão os riscos aos quais os trabalhadores estarão expostos. Não é burocracia. É organização, gestão. A fiscalização em obra será igual ao Imposto de Renda. Experimenta não fazer a coisa certa e será chamado a dar explicação. O fiscal vai pedir as guias das empresas terceirizadas, CNPJ e demais documentos. O trabalhador machuca o dedo e vai ao pronto socorro. Se ele ficar sem o dedo, poderá pedir aposentadoria especial. Ele tinha EPI, treinamento? Caso contrário, a empresa vai pagar essa conta”.

“Será necessário que as empresas tenham uma consultoria jurídica, porque em caso de acidentes haverá uma investigação detalhada. Quem ainda não está por dentro das NRs tem pouquíssimo tempo. Vai ter que correr. Nós, prevencionistas, tínhamos razão. Então, hoje uma empresa precisará ter uma equipe multifuncional para tratar da segurança, saúde e meio ambiente no trabalho. Comprou algo errado, EPI errado, paga duas vezes. Está na hora de buscarem seus profissionais e começarem a se cercar, principalmente os empreendedores e incorporadores. Vocês estão marcados como responsáveis pelo que acontecer em seus empreendimentos, mas não precisam se preocupar. Basta fazerem a coisa certa”.        

Calendário das reuniões do Cotecon em 2022

No final da Reunião Estadual da Construção Civil e da Reunião do Cotecon 2021 foi concedida a palavra aos presentes que desejasse se manifestar. Ainda na oportunidade, o Executivo do Cotecon, Fábio Muller Vieira, apresentou a Agenda Cotecon 2022. As reuniões mensais do próximo ano acontecerão sempre às 15 horas, nos seguintes dias: 27 de janeiro, 24 de fevereiro, 31 de março, 28 de abril, 26 de maio, 30 de junho, 28 de julho, 25 de agosto, 29 de setembro, 27 de outubro e 24 de novembro. 

Pela segunda vez o Sinduscon Rio Grande realizou o Encontro Estadual da Construção Civil e a Reunião do Cotecon 2021 – Comitê da Construção Civil da Fiergs.

Para nós é sempre prazeroso recebermos nossos companheiros de outras cidades do Rio Grande do Sul, verdadeiras lideranças no setor da construção civil em suas cidades e regiões, assim como os representantes da Fiergs, com quem costumamos nos reunir frequentemente naquela Federação, em Porto Alegre, para tratarmos de assuntos do setor.

Mais uma vez a reunião que aconteceu no Cassino agradou a todos os que compareceram. Queremos agradecer o apoio e o prestígio de nossos companheiros de fora da cidade, sendo que vários viajaram centenas de quilômetros de suas cidades de origem até aqui dando exemplo de espírito associativo. Da mesma forma agradecemos ao gerente do Senai RS, Rafael Garcez, que patrocinou o evento e não podemos deixar de destacar o apoio de nossa diretoria, dos associados presentes e da Larissa Dias, nossa Executiva e que foi a responsável pelo cerimonial.

Todo mundo tem seu valor individualmente, mas quando trabalhamos de forma coletiva os resultados são sempre melhores. Tivemos êxito no 1º Feirão Imobiliário do Rio Grande, na campanha que desenvolvemos para prevenção da Covid nos canteiros de obras e agora neste evento.

Ao mesmo tempo em que agradecemos o apoio, já estamos nos preparando para a realização de um grande evento da construção na praia do Cassino, em fevereiro, quando traremos lideranças nacionais e estaduais da construção civil.

Graças a essa equipe que nos apoia no Sinduscon Rio Grande, aos amigos dos Sinduscon e do Cotecon no Rio Grande do Sul e ao presidente da Fiergs, nosso amigo Gilberto Petry, estamos permanentemente motivados para trabalhar pelo nosso setor e associados.

Muito obrigado pelo apoio!

Airton Zoch Viñas

Presidente do Sinduscon Rio Grande.

Fechar Menu