O CAMINHO PASSA PELA PONTE

Sinduscon Rio Grande apoia pleito que trará desenvolvimento para a região.

A ligação a seco entre Rio Grande e São José do Norte é um antigo sonho das duas comunidades. Movimentação nesse sentido começou em 1972 por iniciativa do empresário Denis Lawson, que era diretor da Câmara de Comércio do Rio Grande e envolveu aquela entidade na causa, ao mesmo tempo em que lideranças da região também aderiram.

Naquela época a própria ligação rodoviária do Litoral Sul com o Litoral Norte e a capital do Estado era muito precária. A BR-101, entre São José do Norte e Mostardas, não possuía asfalto. Conforme a intensidade das chuvas tornava-se intransitável, o que justificava a fama de “Estrada do Inferno”.

A sonhada ligação a seco ainda não saiu, mas o movimento para que isso aconteça rendeu alguns frutos. Ao chamar atenção das autoridades estaduais e federais para a região, na década de 1990 foi asfaltado o trecho da BR-101 entre Bujurú e Tavares. Na época o então deputado federal e em seguida prefeito do Rio Grande, Wilson Mattos Branco, já falecido, conseguiu sensibilizar o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, que era seu amigo, a dar início à obra, que foi concluída na gestão seguinte, com o asfalto chegando até São José do Norte.

Com relação às primeiras lideranças do movimento para construção da ligação a seco, que inicialmente pleiteava um túnel entre as duas cidades e agora defende a construção de uma ponte, o único remanescente é o empresário de Palmares do Sul, Nei Azevedo. O então vereador Jair Rizzo entrou na luta em 2001 e três anos após, com o falecimento de Denis Lawson, resolveu levar adiante essa bandeira. Cabe salientar que até 2004 o trabalho liderado por Lawson produziu mais de três mil documentos e este acervo hoje encontra-se com Rizzo.

“Participo dessa luta há 22 anos de forma ininterrupta e hoje temos apoio de 23 municípios do Litoral Norte”, observa Rizzo, que também preside o Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário do Rio Grande. Ele é o coordenador da Comissão Regional Pró-Ponte Rio Grande/São José do Norte, constituída por prefeitos, vereadores e empresários da região litorânea, desde Rio Grande até Tramandaí, e mostra-se otimista com relação à obra:

– Em 2014 conseguimos com o DNIT a liberação de verba para a conclusão do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA). A licitação teve como vencedora a Ecoplan Engenharia. O estudo era para ter sido realizado em dois anos, mas teve várias paralisações, principalmente no Governo anterior. Em 2018 fomos à Brasília e conseguimos destravar o estudo, mas ele permaneceu ainda na fase de pré-campo. No ano seguinte estivemos novamente na Capital Federal e no final de 2020, antes de deixar a Câmara Municipal, encaminhei ofícios ao ministro os Transportes, diretor-geral do DNIT e ao presidente Jair Bolsonaro. Finalmente, após também realizarmos reuniões com a Ecoplan, conseguimos a retomada do estudo de viabilidade e da etapa de campo só falta aprovar a topografia da área.

Opção é pela ponte

Segundo Jair Rizzo, a construção do túnel foi considerada inviável nos aspectos técnico e econômico. “O túnel custaria R$ 1,5 bilhão, enquanto a ponte está orçada em R$ 350 milhões. Para o Governo Federal isto não é nada, uma vez que a ponte do Guaíba (em Porto Alegre) foi orçada em R$ 1,3 bilhões”, explica ele.

A ponte não será localizada na Ponta dos Pescadores, prevista para o túnel na margem de São José do Norte por ser a menor distância com Rio Grande. Um dos motivos é a pouca altura prevista para a construção, entre dez e 13 metros, que atrapalharia a navegação e inviabilizaria a passagem de certas embarcações, principalmente as plataformas construídas nos estaleiros locais.      

A Ecoplan Engenharia prevê a construção de uma ponte-viaduto, com abertura do tipo canivete no Canal de São José do Norte. A ponte terá 3,8km de extensão em linha reta desde o Clube de Regatas Rio Grande, na av. Honório Bicalho, até o Arroio do Laracha, em São José do Norte, fora do perímetro urbano (ao lado do estaleiro EBR).

O estudo de viabilidade (EVTEA) deverá ficar pronto até meados deste ano e também irá prever readequações na BR-101, como a construção de acostamento e recapeamento geral da pista. Concluído esse trabalho, a mobilização terá como foco a licitação para a construção da ponte, que poderá acontecer através de uma PPP (Parceria Público-Privada). “Acredito que, ficando pronto esse estudo de viabilidade, por certo facilitará a licitação para construção da ponte, que poderá ser feita através de um Regime Diferenciado de Contratações (RDC). E penso, ainda, que o fato de estarmos em ano eleitoral poderá nos favorecer”, pondera o coordenador da comissão.  

Ano passado Jair Rizzo esteve em Brasília, com o ministro dos Transportes, Tarcísio Gomes de Freitas; com o diretor-geral do DNIT, Antonio Leite dos Santos Filho, e manteve contato com a bancada gaúcha.  Ele acredita que os parlamentares gaúchos irão liberar R$ 80 milhões dos R$ 100 milhões solicitados ao projeto.

Também em 2021 a referida Comissão promoveu eventos sobre a ligação por ponte, como painéis de debates em São José do Norte, Mostardas e Tavares e participou de um foro sobre turismo em Capívari do Sul.

Abaixo-assinado no Face: “Queremos a licitação neste ano”

A Comissão Pró-Ponte está realizando uma campanha de conscientização e divulgação do projeto com o título “Vamos pela ponte?”. Ela conta com a distribuição de amplo material de divulgação: adesivos, informativos e out-doors e faz um chamamento para a comunidade aderir ao abaixo-assinado que será enviado aos governos federal, estadual e ao ministro dos Transportes para que o Governo Federal providencie no edital de licitação da obra. “Queremos a licitação da obra ainda este ano”, adianta Jair Rizzo.

A Comissão possui uma página no Facebook com o título “Rio Grande/São José do Norte “Vamos pela ponte?”, que já conta com 2.687 participantes da região. Lá os interessados poderão aderir ao abaixo-assinado.

A construção da ponte também tem o apoio do Sindicam (Sindicato dos Caminhoneiros), já que pela BR-101 os benefícios serão inúmeros para a região, favorecendo o turismo, a economia, o fluxo de veículos e a valorização imobiliária. Com a ligação a seco, a distância de São José do Norte até Osório diminui em 100 quilômetros e possibilitará uma movimentação aproximada de 200 mil turistas/ano pelo Litoral Sul, inclusive de uruguaios e argentinos que vão para Santa Catarina.

A Ponte da Fraternidade

A Comissão coordenada por Jair Rizzo apresenta várias justificativas para que a ponte se torne realidade. Em documento, que denomina a construção de “Ponte da Fraternidade”, lembra que a ligação entre Rio Grande e São José do Norte é feita através de lanchas e balsas, que não correspondem às expectativas de suas comunidades.

No momento em que é pensada a Rota Turística Litorânea, unindo o Litoral Sul e o Litoral Norte do Rio Grande do Sul, desde o Chuí até Torres, torna-se “indispensável” incluir no traçado essa importante obra.

Conforme Rizzo, a Ponte da Fraternidade será um incentivo para os turistas realizarem suas viagens pelo litoral, como acontece no Uruguai, e esse movimento beneficiará várias cidades; Chuí, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, São José do Norte, Tavares, Mostardas, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Osório, Pinhal, Cidreira, Tramandaí, Xangri-Lá, Atlântida, Capão da Canoa, Arroio Teixeira e Arroio do Sal.

Mas não apenas o turismo será potencializado na região. A ponte proporcionará atração de investimentos e, consequentemente, maior geração de emprego e arrecadação para os municípios litorâneos.

O porto do Rio Grande, que bate recordes de movimentação a cada ano, encontra-se praticamente saturado e a tendência natural é da expansão portuária acontecer em São José do Norte, que também poderá escoar a produção da região litorânea.  O vizinho município possui, ainda, o estaleiro EBR, enquanto a indústria naval também deverá ser retomada em Rio Grande, que já teve dois estaleiros em atividade.

“A ponte entre as duas cidades será decisiva para termos o desenvolvimento que sempre sonhamos com a exploração de todas as nossas potencialidades”, finaliza Jair Rizzo.

Viñas: “BR 101 poderá ser mais uma alternativa de acesso ao porto”

A atual gestão do Sinduscon Rio Grande vem trabalhando para o desenvolvimento da construção no município. Além das atividades atinentes ao sindicato, o Sinduscon é responsável por iniciativas que vão ao encontro dos interesses das empresas associadas e de toda a cadeia produtiva do setor. Exemplos disso foram a realização de encontros estaduais da Construção, Feira Imobiliária, protocolo de higiene nos canteiros de obras durante a pandemia e, mais recentemente, uma ação social na praia do Cassino, juntamente com Sesi e Senai, com a finalidade de chamar atenção da população para os cursos de qualificação profissional.

O Sinduscon também está atento às demandas do Município e pleiteia a revisão dos índices construtivos, por entender que essa medida contribuirá para o desenvolvimento do Rio Grande. Ao mesmo tempo, se une à luta da Comissão Regional Pró-Ponte Rio Grande/São José do Norte.

O presidente Airton Viñas observa que “é inadmissível, em pleno ano 2022, Rio Grande e São José do Norte dependerem do transporte aquaviário. Aqui está situado o único porto marítimo do estado e um dos maiores do Brasil, que em breve será ampliado para o outro lado do canal e que possui um calado natural com profundidade expressiva. Nossa região abriga um polo industrial com estaleiros, empresas de fertilizantes, refinaria e não podemos continuar dependendo de uma única rodovia, que é a BR-392 (Rio Grande-Pelotas) para acessar o município”.

Com a construção da ponte ligando as duas cidades, Viñas entende que “a BR-101 será mais uma alternativa rodoviária para o porto, para nosso parque industrial e para a própria comunidade. Não estaremos reféns dos altos custos de logística e teremos, ainda, condições de explorar outras potencialidades da região como o turismo no litoral sul gaúcho, que ainda tem muito a ser desenvolvido. Por isso, o Sinduscon apoia esse movimento e parabeniza a Comissão Pró-Ponte, que representa o desejo de dezenas de municípios gaúchos, nesse trabalho que vem realizando. Somente com a união de todos tornaremos realidade este antigo sonho”.

Benefícios à competitividade da indústria gaúcha      

Airton Viñas ainda destaca que “Rio Grande figura entre os cinco maiores PIBs do Rio Grande do Sul e sua localização é estratégica para o desenvolvimento do estado por causa do porto e também por possuir uma área retroportuária com cerca de mil hectares no Distrito Industrial. Com a provável instalação da usina termelétrica, teremos energia, gás e água em abundância para a atração de novos investimentos”.     

O presidente do Sinduscon Rio Grande, que também é diretor da Fiergs (Federação das Indústrias do RS) e conselheiro regional do Senai, adianta que irá se encontrar com o presidente Gilberto Petry para buscar o apoio daquela entidade empresarial ao projeto de ligação a seco. “Com a ponte e alternativa de acesso pela BR-101 teremos uma logística mais favorável para a competitividade da indústria gaúcha”, declara o empresário.

Assessoria 24/04/2022

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